domingo, 18 de janeiro de 2009

...continuação

[31 de dezembro de 2008] Não, aquele não seria um dia comum, logo soube pelo clima pelo qual acordei neste dia. E não era somente por ser um dia de festividades.
Refletindo sobre o ano de 2008: Poderia outro ano ter sido melhor?
Tantas conquistas. Haverá muita história para contar sobre este ano.
Fato que houve perdas, mas sempre as temos e isto é inevitável.
O tempo parecia não querer passar enquanto me limitava à decoração daquela festa que sequer iria estar.
Uma reunião de família regrada a muita cerveja, champagne, comida e posteriormente... baixaria.
Não este ano. Passaria com amigos, uma festa simples.
Já pela noite, tudo pronto.
Estava indo ao encontro dos meus amigos. "Este será o melhor reveillon de todos." - Era assim que pensava.
Chegando lá, pasmei: Quem era aquele homem que nunca vi antes?
Tão lindo. Vê-lo fez com que me retraísse por muito tempo e mesmo meus amigos perguntaram o porquê de estar de tal forma.
Respondi que não era nada, mas meus olhos não desviavam daquele rapaz que logo me conquistou. Como era lindo!
Seria ele lindo demais para mim?
Vê-lo fazia com que me sentisse triste, muito triste.
Estava me sentindo tão preso em sua presença, peguei minha cerveja fui para o jardim acender um cigarro... precisava pensar, digerir tudo aquilo que estava vivenciando aquele momento.
Eram aproximadamente 22h30min quando o vejo. Pensava estar sozinho naquele jardim, visualizando cálido luar.
Seu rosto estava mal iluminado apenas por uma lâmpada que irradiava através de uma brecha que vinha da janela da sala e a luz da lua fazendo um contraste de luz e sombra valorizando cada detalhe de seu corpo.
Paralisei por um instante, quando comecei a tossir com a fumaça do cigarro.
-Ei! Melhor ir com calma. – Bruno disse voltando em minha direção, caminhando vagarosamente, cada passo parecia eterno.
Sentou-se ao meu lado, dizia estar apenas aproveitando um pouco de silêncio, já que lá dentro estava muito barulhento devido ao som.
-Nossa! Eu pensava que estava sozinho. – Disse mentindo, claro.
- Não queria ter te assustado... você parecia tão nervoso lá dentro.
-Ah é? E desde quando você está me observando? – Perguntei esperando uma resposta que me desse uma pontinha de esperança e força para que assim pudesse arrancar uma resposta que fizesse com que aquele homem a que tanto cobiçara fosse inteiramente meu.
-Toda a noite estive te observando. – Dizia entre risos. Não vá dizer que não observou meus olhares, assim que te vi percebi que você curtia rapazes e pensei: “Porque não?”
-E foi uma surpresa mesmo. Mas ainda não entendi direito, vá me dizer que você não sabe que o dono dessa festa também é gay? Digo, a maioria de todas essas pessoas aqui são.
-É, eu sei sim mas ...
-Então por que você disse: “... assim que te vi percebi que você curtia rapazes e pensei: Porque não?”
-Calma! O Thiago (dono da festa) é meu primo, mal conheço as pessoas que estão aqui, mas elas mal me interessam também, você é a que se destaca, com sua beleza e agora pelo visto, com sua inteligência e aspereza. –Disse Bruno.
-Aspereza?
-Bom, aspereza não é algo muito bem visto por muitos, mas considero similar à maturidade. – Respondeu Bruno rindo ironicamente.
Confesso que toda aquela conversa não me era nada atraente, quando de fato o que me atraia eram seus olhos; olhos hipnóticos que se contrastava com um sorriso angelical. Neste parágrafo poderia enumerar o que hoje considero suas inúmeras qualidades físicas?
-Você parece ser muito tímido.
-Não sou tímido, estou tímido. – Respondi prontamente.
-Mas por quê? – Disse isso colocando a sua mão sobre a minha; às vezes penso que fez isso de propósito, pois surtiu em mim efeito imediato, logo tremi por inteiro.
-Você é lindo! – Concluiu sua oração.
Aquilo foi o suficiente para mim, num breve momento que creio que para nós tenha sido eterno: um simples cerrar de olhos, o aproximar de nossas cabeças e o tocar de nossos lábios fez daquele momento tão mágico. Ele era mágico.
Agora eu tinha aquele homem para mim. Estaria sendo muito precipitado?Afinal, foi apenas um beijo. Algo breve, mas mágico, que acelerou meu coração de tal que mal cabia dentro de meu peito.
Seus olhos diziam que foi bom, chamavam por mais e mais, ao passo que minha boca chamava por ele, era magnético, era certo que havia finalmente encontrado ali um grande amor.
-Eu quero você para mim esta noite. – Disse Bruno.
Confesso, aquilo me soou meio grosseiro: “esta noite”? Mas fiquei relaxado e resolvi pagar para ver aonde tudo aquilo iria chegar, apesar de crer que demonstrei visualmente minha insatisfação.
Eu estava mudo, extasiado, anestesiado por aquele momento, não conseguia dizer uma palavra sequer, somente abraçá-lo, queria senti-lo cada vez mais e mais, queria tê-lo, olhava e mal podia imaginar como alguém como ele havia se apaixonado por um rapaz como eu, que me considero apenas comum, a vida nos prega peças das quais desconhecemos.
De mãos dadas entramos e logo vimos os olhares curiosos sobre nós, mesmo os meus amigos abismaram ao ver-me timidamente com aquele rapaz e diziam: “Se fosse eu, estaria desfilando com ele pelo salão.”, todos grandes comediantes, claro.
E assim a noite transcorria entre risos, beijos, amassos e algumas outras doses a mais de vodka que foram me deixando mais descontraído.
-Nossa, você está bem alegrinho agora, não? O que aconteceu para tanta mudança?
-Você ainda não viu nada. – Respondi de um modo bastante provocativo.
-E o que você tem para me mostrar? – Sua cara de safado me deixou ainda mais alegre.
Aquela era a minha deixa, puxei-o para fora de casa novamente, ao mesmo local aonde havíamos nos conhecido e nos sentamos no chão. Beijei-o arduamente e ele retribuía com maestria, travamos uma verdadeira luta entre nossas línguas onde não havia vencedores.
Sentei sobre suas pernas estando de frente para ele, puxando sua cabeça para trás me dando livre acesso ao seu pescoço que eu beijava, incansavelmente podendo arrancar dele altos sussurros. Fui ao delírio dando prazer àquele homem, brincava com sua orelha e acariciava o seu cabelo; um belo contraste entre o rude e o suave.
-Você é dez. Como não te conheci antes, eu quero você agora para mim.
-Bruno, você tem certeza do que você fazendo?
Mal terminei minha frase e ele já começou a tirar sua camisa onde pude vislumbrar um corpo todo definido sem um pelo sequer.
-É você o que eu quero. – Logo me respondeu.
Qual não foi minha surpresa quando ele veio sobre mim para tirar a minha camisa. Aquilo me constrangeu, pois me acho feio de corpo, tentava em vão tapar meus seios e barriga quando ele tirava minhas mãos de sobre e me beijava dando-me fortes abraços.
Estava disposto a me proteger de algo que era interno a mim, não sei, mas ele me fazia esquecer todos os meus problemas e complexos, eu me sentia a salvo de tudo que parecia ameaçador, e foi neste sentimento que comecei a me entregar por inteiro, começando por seus beijos, suas carícias que já não sabia como, mas estava debaixo dele.
Tranquilamente tiramos nossas calças sem qualquer medo de sermos vistos, pois aquela altura da festa estavam todos dentro da casa fazendo já os seus votos para o próximo ano que vinha.
Ficávamos nos olhando entre longos beijos e sussurros, baforadas de desejo e suaves toques, carícias e mais carícias; estávamos finalmente despidos de qualquer coisa que nos impedisse de um contato maior e mais íntimo possível (e era o que queríamos).
Sim, ele estava sobre mim e como de praxe coloquei nele a camisinha para que apesar de tudo nos protegêssemos de qualquer porventura e assim nos iniciamos noite adentro.
Sobre mim, Bruno parecia mestre do prazer, como se fossemos feitos um para o outro. Nunca havia acreditado em contos de fadas até conhecê-lo, mas naquele instante todos os meus conceitos foram drasticamente mudados.
Tê-lo inteiramente em mim foi muito além de minhas expectativas.
Sem dor, sem gemidos; somente o nosso prazer, o nosso amor tendo tal cálido luar como testemunha, e que noite aquela que pudemos compartilhar juntos.
Bruno parecia não se cansar de mim. Enquanto sussurrava meu nome, eu o beijava recompensando por tal prazer, era o mínimo que podia fazer por tanta alegria que estava me proporcionando naquele momento.
Sim, eu era dele e ele era somente meu naquela noite. Havia cumplicidade, havia carinho, havia tesão; éramos completos, poderia ser mais perfeito?
Já havíamos nos entregado à exaustão, ao suor de nossos corpos que prostrados repousava um sobre o outro, foi lindo. E para selar este momento nada melhor que um longo beijo, um olhar apaixonado, um passar suave de mãos pelo rosto, estava completo quando ele me disse: “Você é perfeito.”
-Não creio no que acabo de fazer. – Disse isso em um tom quase inaudível quando os fogos começaram a explodir no céu, era meia-noite... fim de um ano, início de outro ano que já começava de modo tão romântico para mim.
Nos abraçamos e pomos a nos deitar um ao lado do outro já vestindo nossas roupas por medo dos que estavam dentro vierem para fora da casa. E foi o que aconteceu... logo, ao nos verem deitados no chão, já imaginaram o que havia ali acontecido, mas relevaram o fato e ficaram também observando o céu nos deixando mais a vontade.
E a noite seguiu, e todos já nos identificava como um casal e nos respeitava como tal.Noite adentro nos divertimos, bebemos e dançamos muito até que chegou a hora de ir embora, talvez seria ali a nossa despedida para nunca mais nos vermos, afinal é assim que muitos “relacionamentos” gays começam e terminam, em uma única noite, uma única transa; o que é uma lástima.
Quatro horas e meia da manhã, e ele pede meu telefone para poder me telefonar para poder me telefonar para que assim pudéssemos nos encontrar futuramente. Talvez eu estivesse enganado sobre ele, por que não? E dei-lhe meu número aguardando um retorno, pegando seu número também por mera causalidade.
Aquele resto de noite mal dormi pensando naquele homem que me conquistou de uma forma que não consigo expressar... vai além de palavras.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Um conto.

- Não creio no que acabo de fazer.
Foram estas as únicas palavras ditas por mim naquele momento onde tudo o que se via eram os fogos explodindo no céu revelando pouco de uma silhueta que a tão pouco havia que conquistado.
Era ele, o rapaz com que por anos sonhei.
Era ele, meu príncipe encantado que viera de meus sonhos em seu cavalo alado desbravando gigantes e dragões transpassando-os com sua espada reluzente...

E foi no último dia do ano que finalmente pude te-lo em mim, sentir cada centímetro de toda o seu corpo sobre o meu.
Não era mais uma garoto qualquer, tornara-me um homem; seu homem.
E como isso me fazia feliz: cada palavra que saía de sua boca, cada carícia, cada beijo, éramos uno e parecia que havíamos nascido um ao outro.

Que horas seriam?
Sequer havia me lembrado a quanto tempo estava alí, o tempo passou e nem me dei conta.




[...] continuação