domingo, 12 de dezembro de 2010

Réquiem ao amor. [Part I]

Ontem sonhei com você.
Não um sonho qualquer.
Era nosso primeiro encontro.
Aquelas reconhecidas expectativas, receios, desejos.
Irá gostar de mim?
E, de certo, um breve olhar. Um acenar.
Quão doces eram tuas feições naquele instante em que me viu.
Afinal, o que significaria?
Um olá, e a conversa fluiu naturalmente.
Um pedido, um filme, num cinema.
E mesmo o cavalheirismo de se oferecer a pagar o meu convite.
Um breve sorriso.
Negação e consequente insistência.
Como poderia recusar diante tão gentil oferta?
Em sala escuro, flashes de luzes refletidas em tela branca formando imagens que ainda me eram desconexas.
Iluminando parcialmente o ambiente.
Olhares discretos.
Toques súbitos e rapidamente interrompidos.
Uma adorável timidez.
Um instigante jogo de sedução.
De repente um toque de mãos.
Um suspiro, um olhar.
Mãos deslizam pelos dedos, acariciando cada mínima parte.
Sobre as pernas agora repousam.
Olhares mais intensos.
Começo a descobrir teu rosto. Apalpá-lo.
E em teus olhos eu enxergo o que nunca antes havia visto.
A bondade e ternura que outrora pensava haver se perdido na humanidade.
Teu olhar penetrante, enudece.
Tuas mãos, minhas mãos...e lábios.
Lábios se tocam, um suave estalo.
Mãos se pegam e se relacionam...
Pouco parecia nos importar o resto do mundo.
Nesta sala, éramos eu e você.
E nos descobríamos pelo toque.
Nos entendíamos no olhar.
Teu queixo em um constante roçar em meu pescoço.
Teus braços que agora me envolvem. Perco-me.
Braços fortes, protetores e, ao mesmo tempo, ternos.
Um sussurro: Nossa!
Interjeições que substituem qualquer outra expressão ou frase.
Nossa!
Estas foram as únicas palavras ditas mediante um oceano de afetos.
E pareceu não haver fim.
Teu sorriso que me constrangeu.
Me apego a idéia de ti.
[...]

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