domingo, 27 de março de 2011

Vidinha miserável!
Me sentia confortável nos últimos meses, chegando a pensar que estava completamente curado.
Doce ilusão! Sem menos esperar, nos defrontamos novamente com aquela maldita cena que nos transporta de volta à realidade.
E é choro, desilusão, rejeição, angústia, vazio, ...
Puxa! Quantos predicados.
Por um tempo, senti-me confortável com a condição de sentir-me curado, mas ao mesmo tempo, vivenciando a angústia de não me reconhecer naquela forma.
É engraçado, pois agora que sofro, me sinto mais próximo de mim.
Sem dúvidas, minha maior angústia borderline é não me reconhecer, não me entender, não saber o que quero ou o que sou. Viver a cada dia com diferentes planos para o futuro, sem nunca concluir qualquer um destes.
É uma dor que não cessa.
Enquanto à rejeição, começa sempre com ideações irreais de desvalia, rejeição que quase todas as vezes fogem à realidade e façam com que soframos, bem como fazemos o outro sofrer.
Sofremos pelo simples fato de razão e emoção estarem em uma constante luta.
Razão nos diz que estamos errados, que talvez o que pareça ser, não seja.
Emoção por sempre nos confundir dizendo uma verdade que queremos acreditar.
"Sim! Fui traído."
"Sim! Ele (a) me odeia."
"Sim! Sei que sou feio."
E nos perdemos entre razão e emoção. Afinal, em que devemos acreditar?
Há sempre uma constante angústia na arte do amor.
Uma incessante dúvida: Ao passo que desejo ardentemente ter alguém que me ame, esteja junto comigo e me entenda, afasto as pessoas por não me sentir confortável em um relacionamento, chegando mesmo a inibir a vinda do outro.
Sou chamado por todos aqueles que já passaram pela minha vida como o garoto problemático, imaturo, indecente ou mesmo chato.
O que não entendem é que por baixo de toda esta máscara, todas estas defesas que levanto são para aproximar, são gritos desesperados, são como apelo ao outro para que fique. Talvez uma maneira infantil de dizer que estejam comigo, que me amem.
Não sei como demonstrar amor, carinho.
Não foi assim que aprendi, mas foi assim que me criei.
Porque eu?

sexta-feira, 4 de março de 2011

Ouvindo repetidamente Roxette, tentando consolidar os mesmos sentimentos descritos na letra, ou mesmo aquela vaga sensação evocada pela melodia.
Mas o fato é que estou me sentindo terrivelmente só, desamparado, rejeitado (?)
Às vezes sinto que morrer seria a melhor solução, mas onde está a coragem?
Sinto-me preso a esta vida... seja pelo medo de magoar o outro, causar despesas ou mesmo algum tipo de sujeira, no caso de cortar meus pulsos.
De todas as formas, nenhuma me parece prazerosa.
Em última instância, poderia alegar medo de (até mesmo) ir para o inferno.
Sinto-me desesperadamente só. Como se todas as aflições do mundo de repente houvessem recaído sobre mim.
Não! Não se trata de uma depressão. Há algo mais além de uma tristeza, algo que não sei identificar. Talvez um vazio misturado a um tédio quase infinito, uma solidão ... enfim, um misto de sintomas que caracterizam tal sensação.
Escrevo com a esperança de poder melhorar, mas tal sentimento persiste dando uma falsa ideia de parecer não ter fim.
Vejo-me neste momento como um tolo bastidor de minha própria história, talvez sendo escrita por outros, ou tendo seu rascunho abandonado.
Não sei o que fazer, e há uma inquietação interior gritando por ajuda, mas minha boca emudece e nenhuma palavra pode ser dita. Estou fadado a tal condição.
Quero apoio e (por mais estúpido que pareça dizer) carinho. Não um carinho fruto de compaixão. Sinto-me abandonado, como se ninguém jamais se importasse comigo, e é justamente isto que desejo mudar.
Não sei o que fazer. Olho a minha volta e todos parecem tão apaixonados por si, pela vida e amando uns aos outros.
Ando na contra-mão do que chamariam de uma existência saudável. Estou fragilizado e parece que nada que eu faça vá mudar tal condição. Todas as esperanças se foram.
Mas ainda assim, contraditoriamente, há uma voz interior que negue tal condição e diga que por menores que sejam, as esperanças se renovam.
Deveria acreditar naquilo que sinto ou naquilo que penso?
Sentimentos sempre foram mais palpáveis e congruente.
Razão sempre foi meio duvidosa por ser deveras dialética e contraditória.
Talvez todas estas coisas se resumam a uma solidão infernal e irremediável de uma condição humana um tanto sub-desenvolvida, marginalizada.
Eu realmente queria morrer!!!

Saudades!!

Nossa, que saudade me veio neste momento.
Saudades de um tempo bom que já se foi.
Saudades de ser um adolescente inconsequente, sem juízo ou responsabilidades.
Saudades de ir àqueles saudosos shows de bandas alternativas do circuito underground de Goiânia.
Saudades do bom e velho Cererê...das bandas antigas que parecem já não possuir o mesmo talento de antes.
As vezes imagino que talvez tais bandas ainda sejam igualmente boas àquele período, apenas cresci e dei-me conta de outras possibilidades. As vezes imagino que cresci e deixei/abandonei todas aquelas coisas que tinham tanta importância e faziam todo um significado para mim. Quantos sonhos, quantas ideologias, inspirações, toda a rebeldia que circundava este período.
Engraçada a forma como meses atrás voltei ao Cererê e tudo parecia tão perdido de meu tempo, tão desconexo. Um lugar antes referência no movimento punk de Goiânia, hoje tornou-se de crianças purbas, emos, coloridos e outras tantas tribos que parecem ter se refugiado naquele local que carrega uma grande história ideológica e ativista.
Foi realmente chato ver aquelas crianças se atrelando umas nas outras e imaginar cinco anos a frente o futuro de tais. Talvez os jovens de hoje estejam realmente mais desenvolvidas que as de meu tempo.
Mas tanto faz, talvez sejam estas questões que não me digam respeito. Mas foi muito chato ver parte de toda uma história ser esfacelada. Sinto-me como se parte de mim houvesse ficado naquele lugar, nas ideias que tinha naquele tempo, nas paredes que cercam aquele teatro.
Parece que muita coisa se perdeu com o tempo, e eu me renovo a cada dia. Como se eu não fosse o resultado de uma vida e suas vivências, mas resultado de uma última semana. Fui me transformando em outros que eu mesmo desconheço. Talvez isso seja consequência deste transtorno, talvez eu seja apenas nostálgico...não sei quais são minhas atuais motivações.
Acho que com o tempo eu me perdi...não sei como me encontrar.
Queria mesmo voltar ao passado e viver novamente tudo aquilo que achava ter vivdo em sua plenitude.
Como me enganei!

Eu X Família

Não estou nem um pouco feliz com este carnaval.
Tenho montes de livros para ler, pesquisas para realizar...Será o feriado mais atarefado de minha vida.
Tenho uma certa preguiça só de pensar nestes dias que precedem a quarta-feira de cinzas.
Para falar a verdade, acho que nem vou festejar. Não há motivo para festejar.
Primos ingratos viajaram para outras cidades e sequer me convidaram. Imagino que tenham medo de mim (rss), medo de que eu faça algo que os constranja ou algo pior ainda, uma vez que já tenho a (agradável) fama de ser louco.
Então imagino que eu vá para um interior qualquer, encha a cara, vomite muito, beba um pouco mais e volte para casa de porre...como já me é costumeiro.
Deus me perdoe, mas como eu odeio a minha família. Odeio pelo fato de nunca concordar e ser completamente contrário ao que eles consideram certo ou elejam certos comportamentos como sendo socialmente aceitos.
São gostos, quereres completamente diferentes.
Eles - Sertanejo, e tão somente sertanejo.
Eu - Metal, Soul, New Age, Soul, Jazz, Clássica, Rock 60,70,80, House.
Eles - Cerveja, Tequila
Eu - Vinho, Vodka, (ocasionalmente) Cerveja.
Eles - Playboysinhos e Patricinhas
Eu - Alternativo
Eles - Sentimentais
Eu - Vazio afetivo
Eles - Extremamente apegados à constituição familiar
Eu - Ovelha negra, desapegado de qualquer núcleo familiar
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Acredito que não sejam poucas, mas inúmeras diferenças gritantes que nos afastam a cada dia mais. Não pelo simples fato de odiá-los, mas pelo fato de serem pobres ignorantes acéfalos com um repertório cultural extremamente escasso, sem levar em consideração seus quase nulos poderes de abstração e relativização. É deprimente.
Mais deprimente ainda é ter que, em reuniões familiares, ter que sentar na mesma mesa com estes e ouvi-los conversarem sobre os mesmos incansáveis assuntos: festas, piadas insossas, risadinhas abafadas ou exageradas ao ponto de serem encaradas enquanto falsas, homens, mulheres, fofocas intra-familiar.